Tendências no mundo dos cafés
Café Especial,  Intermediário

Tendências para o mundo dos cafés: evoluções na cultura coffee lover

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O universo dos cafés especiais fecha 2018 com chave de ouro; crescimento em volume produzido, consumo e receita em percentuais que batem a casa dos 15%. Também são celebradas a abertura de novas cafeterias e marcas e a busca por mais conhecimento por parte do público.

Aliás, há quem já fale na chegada da quarta onda do café no Brasil. Ou seja, a evolução da terceira onda; o movimento, que se espalha como rastilho de pólvora, é encabeçado pela oferta de produtos de extrema qualidade e inovação. Exemplos são o cold brew (café gelado, extraído a frio ou resfriado após o preparo) e a oferta dos nano lotes, pequenas coleções, de produção limitada de excelência, com origem 100% rastreável e em processos que valorizam a exclusividade de terroir, com reflexo direto na experiência de xícara.

Agora, produtores, consumidores e o mercado voltam as atenções para os próximos anos. O que podemos esperar do universo dos cafés especiais? A u.Coffee conversou com uma expert no assunto, Vanusia Nogueira, diretora da Brazilian Specialty Coffee (BSCA). Vamos adiantar aqui as tendências que vêm por aí. Esquente a água e prepare-se para mais uma nova jornada de sabor, descobertas, emoções. Vem aí uma temporada rica experiências na medida para encantar coffee lovers exigentes e apaixonados como você!

Números do café especial

Para começo de conversa, merece registro o crescimento do mercado dos cafés especiais. “Esse nicho de mercado vem em uma crescente de aproximadamente 15% ao ano. Para 2018, a estimativa da BSCA é que a produção alcance cerca de 9,5 milhões de sacas de cafés especiais”. É o que afirma Vanusia.  

Números tão expressivos geram mais interesse em torno do tema. Isso acelera a oferta de produtos e casas especializadas e impacta diretamente na jornada do consumidor final. “É válido salientar que o crescimento desse segmento dos cafés especiais se dá em função dos incentivos e trabalhos de promoção que a BSCA realiza, gerando receitas substanciais aos produtores e honrando a excepcional qualidade do produto. Consequentemente, com uma oferta mais qualificada, o mundo e o Brasil dispõem de mais cafés especiais para o consumo. E, sim, um dos reflexos é a abertura de novos estabelecimentos destinados ao nicho, também como reflexo dos trabalhos que realizamos para qualificar e conscientizar os consumidores finais a respeito das características dos cafés especiais”.

Oferta premium

A especialista destaca que o movimento abrange as várias formas de entrega do café especial, seja em cápsulas; coleções limitadas (microlotes, fazenda única…); pacotes de café moído; grãos inteiros. “Todas as formas potencializam o consumo do café no Brasil e os cafés especiais estão incluídos aí. Contudo, faz-se necessária uma análise para que não se confunda como café especial o café vendido em cápsulas ou qualquer outra das formas. O café especial possui uma qualidade extremamente elevada em relação ao convencional e, via de regra, está sob a tutela do Selo BSCA, que atesta sua excelência e sua responsabilidade sustentável no tripé socioeconômico-ambiental”, reforça.

“Os microlotes e, mais recentemente, os nanolotes tomaram a dianteira entre as principais tendências no mercado de cafés especiais em função de suas peculiaridades e especificidades unas, capazes de gerarem cafés espetaculares em aroma, sabor e after taste“.

Crescimento geral

Vanusia também chama a atenção para o crescente interesse do público brasileiro acerca do universo dos cafés especiais. Isso retroalimenta e agita o mercado como um todo. “De 2012 a 2017, houve crescimento de 21% no consumo específico dos cafés especiais, atingindo o equivalente a 490 mil sacas. Nesse mesmo período, em valores, o avanço foi de 23%, com a movimentação de R$ 1,722 bilhão no varejo no ano passado”. Embora o consumo de cafés especiais ainda represente um nicho – 2,8% do total de cafés consumidos no Brasil; Vanusia lembra: grãos especiais vêm ganhando relevância e devem aumentar sua representatividade até 2021.

Ela reforça que o movimento se dá muito com base nos trabalhos de educação e conscientização que a BSCA realiza no mercado brasileiro, como os campeonatos de barismo e os eventos promocionais do produto, por exemplo. No mercado, o impacto é pra lá de positivo. “Diante disso, para o intervalo de 2017 a 2021, a taxa de crescimento anual composta (CAGR) projetada para volume é de 15,7%, enquanto para receita é de 21,8%. Com base nesse prognóstico, estimam-se crescimentos representativos ano a ano no mercado interno; tanto para volume quanto para valor gerado pelo segmento de cafés especiais”.

Influências x perspectivas

Assim, todo o cenário é efervescente, numa onda que extrapola o consumo convencional e já chega a áreas como a gastronomia. “Apesar de ainda tímido como ingrediente, a peculiaridade e a excepcionalidade dos cafés especiais começam a abrir portas no mercado gastronômico, com o grão passando a emergir em receitas de restaurantes e chefs conceituados. Expoentes como Alex Atala, por exemplo, já deixam seus rastros na história da cafeicultura brasileira”.

Também o preparo doméstico, em muito incentivado pela comercialização de cafés especiais em feiras de gastronomia, cafeterias e pelo e-commerce, será um expoente. “Esse é um universo sem fronteiras, subjetivo porém. Especialistas podem recomendar suas preferências e didaticamente passar seus conhecimentos adiante; contudo, a preferência doméstica estará atrelada à preferência do consumidor do lar. O que é de se louvar é o fato de, atualmente, esses consumidores estarem antenados às novidades e poderem beber o conhecimento de fontes diversas, o que amplia o leque de escolhas à sua disposição.”

Preferências do público

O boom na oferta de diversos métodos de preparo também é observado por Vanusia.

“É crescente a absorção dos ensinamentos que transmitimos aos consumidores finais. Assim, podemos identificar o consumo em diversas formas de preparo. Entretanto, nossa história está enraizada no consumo do café moído e esse é o modelo que ainda encabeça o ranking. Mas, em um futuro não muito distante, poderemos ver outras formas de preparo assumirem esse posto”, antecipa.

Já sobre as máquinas e equipamentos para o preparo tanto em casa quanto nas cafeterias, a especialista não crava tendência. “Não costumamos especificar equipamentos ou marcas. O que recomendamos, sempre, é o consumo de um espetacular café especial”, aponta.

Já entre as ondas queridinhas, o cold brew deve surfar alto. “Os cafés gelados iniciaram uma caminhada promissora. As portas estão abertas e temos trabalhado, também, para que os consumidores conheçam, degustem e desfrutem dessas novidades. Há um receio por parte dos brasileiros quando se pensa em “café gelado”, mas temos uma certeza. Ao terem contato e conhecerem essas formas de consumo, certamente serão novos formatos aprovadas por nossos consumidores. Além disso, eles contribuirão para o crescimento constante do consumo de café no Brasil”.

Aliás, a bebida do verão se insere em um movimento maior, mais forte e em pleno desenvolvimento: a terceira onda.

Terceira e quarta ondas do café

Vanusia contextualiza, primeiramente, o movimento da terceira onda no mundo e no Brasil.

“A primeira onda remete ao passado, ambiente de encontro europeu em que filósofos, pensadores, políticos, navegadores e outros reuniam-se em cafeterias. A segunda surgiu com o movimento startado pela Starbucks. Hoje, a terceira onda está consolidada no país, haja vista a quantidade de cafeterias e especialistas que garimpam seus cafés no campo e realizam as etapas finais do processo dentro dos próprios estabelecimentos, identificando e, principalmente, valorizando produtor e propriedade, identificando as variedades e seus processos de cultivo, do pré ao pós-colheita.”

Vanusia acrescenta que esse processo envolve análises sensoriais intensas e um elevado grau de conhecimento e qualificação dos profissionais envolvidos, o que, consequentemente, chega até os consumidores. “A partir da degustação de produtos de excelência, o público toma gosto pela descoberta e continuará buscando-a para consumos futuros. Isso desencadeia um processo de curiosidade e necessidade de informação, com os consumidores querendo saber qual a origem, quem produziu, qual o processo, e demais informações sobre a bebida mais querida do brasileiro: o café.”

A quarta onda já chegou de fato ao mercado brasileiro?

“Ainda há algumas dubiedades sobre a quarta onda, mas todas percorrem um caminho comum, que é a evolução da qualidade da bebida após o processo iniciado na terceira (escolha criteriosa dos cafés, pré e pós-colheita, torra e formas de preparo buscando características únicas).

Alguns creem que o cold brew e formas de preparo nesse sentido deram o pontapé inicial; mas, em mesma proporção, outras acreditam que essas já estão incluídas na terceira onda. Há, ainda, os que defendem a qualificação do consumidor final em casa, com o advento de torradores e demais equipamentos para o preparo da bebida dentro de casa. Independente do caminho ou do início dele, o que penso é que a quarta onda será, indubitavelmente, um processo evolutivo do consumo de café no Brasil e no mundo.”

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