Origem e História do café
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Origem e história do café: saiba sua trajetória até os dias de hoje

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Já imaginou quantas mãos, máquinas, ferramentas, quanto tempo e ciência passaram pelo café até que ele chegasse à sua xícara? São tantas histórias que se misturam à própria História da Humanidade!

Continue nesse post para descobrir a trajetória incrível do café pela História, desde as origens africanas até o futuro da bebida mais consumida no mundo! Não deixaremos de falar de como chegou ao Brasil e das Ondas do Café, termos fundamentais para quem quer descobrir o universo dos cafés especiais.

A Origem

Etiópia, África. Mil anos atrás. Não há como provar cientificamente quem descobriu o café, mas a versão mais aceita é a lenda de um pastor chamado Khaldi.

Cerejas de café

Ele notou que as cabras, depois de comer os frutos vermelho-amarelados de um tipo de arbusto, ficavam muito mais saltitantes e aguentavam acompanhar as longas distâncias percorridas. Então, ele mesmo provou e se sentiu muito mais disposto!

A princípio, os povos etíopes consumiam a fruta de café crua, misturada com gordura animal. Mais tarde, no intuito de usar o café com fins medicinais, surgiu a ideia de beber o café como infusão, deixando a fruta em água fervente.

Os hábito de tomar café se consolidou mesmo entre os monges, que o bebiam para ajudar a mantê-los acordados durante os longos períodos de oração e leitura. Assim, os primeiros arbustos do gênero Coffea foram plantados dentro dos monastérios islâmicos no Yemen entre 1250 e 1600.

A cultura de consumir o café começou a se consolidar, então, por toda a Arábia, que monopolizou a venda do café no século XVI. Os árabes sabiam do potencial econômico da planta, por isso não permitiam que nenhuma semente fosse exportada.

O café é comum no nosso cotidiano, mas, até 300 anos atrás, só se conseguiria uma planta roubando! De acordo com o folclore indiano, um respeitado monge chamado Baba Budan estava em peregrinação à Meca quando conheceu e se apaixonou pelo café. Ele escondeu sete grãos verdes em suas vestimentas e, assim, conseguiu levar o café para a Índia, sendo reconhecido até hoje pela sua coragem.

Na Arábia e na Turquia foram abertas as primeiras cafeterias do mundo, em Meca e Constantinopla. A cultura do café se espalhou de tal maneira que causou preocupação no governo, e chegou a ser proibido o consumo de qualquer alimento torrado com a cor próxima a carvão. O objetivo da lei era fazer com que as pessoas parassem de se reunir para beber café; afinal, esses encontros eram o combustível perfeito para fomentar uma rebelião.

A solução encontrada pelos turcos foi muito simples: criaram a torra clara!  E você pode conferir mais sobre a relação entre esse povo e o café no post sobre o delicioso Café Turco, aqui mesmo no blog da u.Coffee. No século XV chegou a existir uma lei que permitia uma mulher pedir divórcio caso seu marido não lhe desse café todos os dias!

Chegada à Europa

O café chegou na Europa em 1615 denominado por “vinho árabe”, originado da palavra “Qahwa”. Durante a expansão do Império Otomano, viajantes europeus se encantavam pela bebida, mas não podiam nem pensar em levar grãos verdes para suas terras. A proteção árabe era tanta que estrangeiros nem podiam se aproximar das plantações!

Em 1616, entretanto, os holandeses conseguiram levar mudas de Mocka para Amsterdã e as cultivaram em estufas. Em seguida a prática de torrar e moer café foi se espalhando também pela Europa e várias cafeterias foram abertas, em sintonia com a Revolução Científica e o surgimento do Barroco. Era a Idade da Razão – uma época de mudanças culturais, políticas, sociológicas – e o café combinava com tudo isso!

A primeira cafeteria foi a Pasquar Rosee, em Londres (1652). O sucesso foi tão grande que donos de tavernas locais, médicos e vendedores de vinho tentaram boicotar o surgimento de cafeterias, alegando que promoviam perda de tempo, conversas triviais e que a bebida era venenosa. Mas o povo gostava tanto que não havia mais como o governo impedir! Mais tarde abriram o Le Procope em Paris (1686) e o Florian Piazza San Marco, em Veneza (as duas últimas existem até hoje).

Cafeteria na Grécia

Pausa para contar o surgimento da primeira cafeteria de Viena – essa história merece ser lembrada! Durante uma guerra em 1683, a cidade estava prestes a ser tomada pelo Império Otomano. Então um jovem polaco chamado Georg F. Kolschitzky, que falava turco fluentemente, atravessou o acampamento dos inimigos vestindo o uniforme deles e cantando canções turcas. Assim ele conseguiu pedir reforços ao duque da Lorena (França) e os vienenses venceram a batalha.

Os turcos abandonaram várias sacas de café no porto e essa foi a recompensa dada a Kolschitzky, que abriu a Hof Zur Blauen Flasche, a primeira cafeteria de Viena! Foi lá que surgiu o café vienense, bebido até hoje com leite, açúcar e chocolate.

E então algo marcante aconteceu. Os holandeses presentearam o Rei Luís XIV com um presente raríssimo: uma pequena planta fértil, que foi preservada nos jardins de Versailles.

A História conta que um soldado da marinha francesa chamado Gabriel de Clieu, em 1723, roubou um pedacinho da planta do rei, que ficava protegida na estufa real. De Clieu era um homem ambicioso, e acreditava no potencial econômico do café. Por isso, enfrentou uma turbulenta jornada pelo oceano Atlântico, com direito a ataque pirata, tentativa de roubo, tempestades e falta de água para levar a pequena muda à Martinica, no Caribe.

No final das contas, a aventura desse soldado foi um sucesso! O café se multiplicou e rendeu frutos, de modo que o sucessor Luís XV o parabenizou pelos seus feitos e, a partir daí, o café se espalhou pela América Central.

Até o final daquele século o café começou a ser plantado em Java (colônia holandesa na época), e a Arábia perdeu seu monopólio. Cafeterias foram abertas pelos holandeses em Nova Amsterdã (Nova York), na América no Norte, e na Filadélfia.

Com plantações espalhadas pelo mundo, os europeus difundiram para sempre o tesouro árabe enquanto criavam uma demanda de mercado cada vez maior. Começaram a cultivar café na África, Suriname, Sumatra, Indonésia, Jamaica, entre muitos outros.

Para se ter uma ideia do quão difundida a cultura do café já estava, veja isso: em 1732, o compositor Sebastian Bach compôs a “Kaffee Kantate”, a cantata do café, a pedido do dono de uma cafeteria alemã. A obra conta a história de um pai que pedia à filha para parar de tomar café e chega até a lhe oferecer um marido para que ela pare. Ela aceita se casar, mas não abre mão do verdadeiro amor, o café.

E o Brasil?

Se tem alguém no mundo que é bom no que faz, somos nós – o Brasil – falando de café!

Além de sermos os maiores produtores e exportadores há 150 anos, estamos na segunda posição entre maiores consumidores da bebida. Nossa legislação trabalhista e ambiental em relação ao café é uma das mais exigentes do mundo.

A planta do gênero Coffea gera mais de 8 milhões de empregos e só em 2017 gerou receita de 5,24 bilhões de dólares para o País (Dados do Ministério da Agricultura e ABIC). É claro que tem muita história envolvida nisso, não é? Vamos conferir!

Como o café chegou ao Brasil

Como explicado, as plantas de café eram um bem tão precioso que às vezes eram cultivadas dentro de muralhas para que ninguém as roubasse. Podemos dizer que o modo como as primeiras sementes vieram para o Brasil foi fruto de um plano… ardiloso…

O Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta foi enviado em 1727 às Guianas como uma espécie de diplomata para exigir o cumprimento do Tratado de Utrecht (que dizia respeito à fronteira entre as colônias). Mas, na verdade, a tarefa principal era conseguir sementes férteis para o Brasil.

Para alcançar seu objetivo, Palheta se aproximou da Madame d’Orvilliers, esposa do governador de Caiena (capital da Guiana Francesa na época). Não cabe citar neste post as entrelinhas dessa relação, mas o que se sabe é que o militar retornou ao Brasil portando um vistoso buquê de flores, presente da própria Madame, contendo clandestinamente grãos de café dentro.

Trajetória do café no Brasil

Cultivados no Pará, tais sementes se multiplicaram facilmente. Foi no sudeste, no entanto, que o café começou a tomar grandes proporções. Entre 1760 e 1780, o desembargador Castelo Branco cultivou café no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais em larga escala.

Em 1779 exportou-se café pela primeira vez, e rapidamente essa commodity (bem manufaturado em larga escala para ao comércio externo) se tornou de grande importância para a economia, sendo um investimento independente da Coroa e que mudou nossa História até os dias de hoje.

O Brasil do século XIX foi financiado pela cafeicultura: estradas e ferrovias foram construídas para escoamento da produção, recebemos imigrantes de vários lugares do mundo (especialmente da Itália), avanços tecnológicos em todos os setores e o pontapé inicial para instaurar a indústria e a urbanização.

Das matas da Tijuca para o vale do Rio Paraíba, para depois Campinas, Minas Gerais, Espírito Santo… rios de dinheiro fluíam dos cafezais e, nessa época, foram construídas enormes fazendas com sedes luxuosas. 70% da produção mundial de café estava por conta do Brasil, e nossos recursos se apoiaram nisso.

Os estados de São Paulo e Minas Gerais foram os que mais enriqueceram, fomentando a política do “Café com Leite”, que alternava os presidentes da República apenas entre paulistas e mineiros.

Não podemos deixar de citar o importantíssimo papel das mulheres, especialmente na colheita e beneficiamento. Assumindo jornadas duplas de trabalho, muitas vezes os nomes femininos nem apareciam nos contratos (que levavam os nomes dos maridos). As esposas dos barões também administravam as fazendas na ausência dos esposos e cuidavam de todos os processos.

Até que, em 1930, o café brasileiro passou pela fase mais difícil; era a época da quebra da Bolsa de Nova York. Uma vez que os países europeus já estavam se recuperando da 1ª Guerra Mundial, as importações de produtos norte americanos diminuíram drasticamente, de modo que a economia dos Estados Unidos entrou em uma crise grave.

Como o Brasil perdeu naquele momento seu maior comprador de café, nossa economia também foi seriamente afetada. O que o governo fez foi comprar toneladas de café dos produtores e queimá-las para diminuir a oferta no mercado. Apesar do desperdício, o ato manteve o preço do café estável e impediu crises mais graves.

A partir desse desequilíbrio na cafeicultura foi que os olhos de investidores se viraram para outro setor e as indústrias despontaram cada vez mais, especialmente no sudeste.

Enquanto isso, fora do Brasil a primeira máquina automática de espresso foi criada pelo italiano Francesco Illy. A Nestlé lançou o café solúvel em 1838, que em 1942 passou a fazer parte do kit de alimentação dos soldados nos EUA. No país, a cultura das cafeterias se expandiu fortemente.

Mercado brasileiro atualmente

Retomamos o acelerado ritmo de produção e aumentou-se a concorrência pela produção do café, vinda de países como Colômbia, Vietnã e Indonésia. O café se tornou a segunda commodity mais comercializada do mundo, atrás do petróleo. Em 1997, batemos um recorde em exportação de quase 3 milhões de dólares!

Hoje o Brasil sustenta cerca de 30% da produção mundial de café, que ocupa 2,2 milhões de hectares distribuídos entre 1.900 municípios, sob os cuidados de mini e pequenos produtores principalmente. 85% da produção de café Arábica do país se concentra nos estados de Minas Gerais (70%), Espírito Santo, São Paulo e Bahia (Companhia Nacional de Abastecimento, 2018).

Entre 2012 e 2017 as exportações totalizaram 200 milhões de sacas (60kg) e 35 bilhões de dólares em divisas para o País. É muita coisa, não é?!

Evolução do mercado: da 1ª a 3ª Onda do Café

Se você se interessa por cafés especiais, certamente já ouviu falar (ou ainda vai) nessas Ondas. Você pode aprender mais profundamente sobre cada uma das Ondas do Café nesse outro artigo da u.Coffee, mas aqui também explicaremos brevemente o que elas são e sua importância na evolução do mercado e consumo de café no mundo.

1ª Onda: a bebida se popularizou no cotidiano dos países desenvolvidos, se consolidando como um complemento das refeições. A origem e a qualidade não importavam, mas sim a energia e vigor que o café despertava. Esse cenário só começou a evoluir a partir da 2ª Guerra Mundial e dos avanços tecnológicos advindos dela.

2ª Onda: O público jovem começou a apreciar o café, passando a frequentar mais cafeterias e se interessando por descobrir novos sabores. As máquinas de espresso se espalharam pelo mundo e assim aumentou-se a demanda por baristas, profissionais especializados em fazer café. Foi aí que começou a surgir o conceito de café especial.

3ª Onda: Os clientes chegam nas cafeterias interessados em conhecer a procedência, os perfis sensoriais, a torra, tudo sobre o que tomam. Além de se preocuparem mais com sustentabilidade e com a realidade por trás da produção, apreciam o ambiente em torno do café: a forma como são atendidos nas cafeterias, os métodos de extração, a exclusividade, a cultura… sem pressa, como um ritual. Pois cada café é singular.

E depois? A 4ª Onda e o Futuro do Café

A partir da 3ª Onda, a alta qualidade se torna o mínimo para os amantes de café. Busca-se mais! Quem bebe café não apenas degusta a bebida, mas no contexto da 4ª onda também busca entender como as coisas funcionam, porque o café é como é, e como fazer!

A tecnologia, alinhada ao fácil acesso à informação, possibilitará que as pessoas tenham experiências cada vez mais exclusivas com o café. O café de qualidade se torna, ao mesmo tempo, mais democrático e mais único. Pois qualquer um pode tomar um bom café e qualquer um pode prepará-lo ao seu modo. As cápsulas são um bom exemplo disso e há quem diga que chegaremos a torrar nossos próprios grãos em casa…

Em algum lugar há um café exatamente do jeito como você gostaria de tomar…e é aí que a u.Coffee entra!  

Como pudemos concluir, a história do café é tão antiga e importante para a Humanidade quanto cheia de reviravoltas interessantes! Esperamos ter sanado sua curiosidade… Não deixe deixe de nos acompanhar para receber sempre os melhores conteúdos em cafés especiais!

O universo dos cafés especiais é praticamente infinito… conte com a u.Coffee para explorá-lo!

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