Já provou cafés especiais?
Café Especial,  Iniciante

Você já provou os cafés especiais?

Quanto você gosta de café?
  • Apaixonado(a) 
  • Gosto Muito 
  • Curto um pouco 

Classificar um café como especial com critérios que devem somar 80 ou mais ainda é tarefa para especialistas. Mas, se há algo que público brasileiro vem aprendendo, na prática, é a reconhecer uma experiência de qualidade na xícara. O teste se dá no paladar, à medida que o consumidor prova textura, cremosidade, sabor e aroma da bebida. Sente o retrogosto que fica na boca. E sente desejo de pedir bis.

A experiência, o prazer que um bom café proporciona aos sentidos não é “frescura”, mas, sim, resultado de cuidados que abrangem toda a cadeia produtiva por plantio, colheita, beneficiamento e torrefação. A capacidade de explorar o melhor perfil de cada grão. A seleção de blends. O preparo feito pelo barista ou o hábito de chegar em casa e moer aquele café, escolhido a partir de preferências pessoais.

No Brasil, o potencial da bebida classificada em alto padrão começou a ser explorado há menos de 10 anos. Aos poucos, surgiram aqui cafeterias especializadas em grãos especiais, métodos de extração internacionais e variados, equipamentos de ponta. Exemplos vem de projetos pioneiros, importantes no mercado nacional como as marcas Lucca, Santo Grão e Suplicy, entre outras, que atuam na formação de público interessado na origem do grão e em métodos de preparo.

A partir daí, a cultura do café entrou em movimento de expansão. Hoje, cada vez mais pessoas estão descobrindo as mil e uma possibilidades de degustação da bebida. Se rendem a novas experiências, reconfiguram o modo de consumir um velho conhecido. “Esse cenário começou partir de 2011, quando tivemos a introdução de novos métodos de preparo do café, muito trazidos de fora, de países que já têm tradição no consumo de grãos especiais. O público brasileiro viu aquilo, experimentou, gostou, passou a se interessar mais. Hoje, o país possui 13 mil espaços com foco no consumo de cafés diferenciados”, conta Mariana Proença, diretora de conteúdo da Café Editora, editora da Revista Espresso e uma das responsáveis e organizadoras da Semana Internacional do Café.

Mariana cita recente pesquisa da Euromonitor (provedora global de inteligência estratégica de mercado, que analisa milhares de dados de produtos e serviços em todo o mundo) para demonstrar a ascendência do café especial no mercado. “A análise aponta  crescimento anual de 15% no mercado de cafés especiais. É um tema que está, sim, em franca expansão. E se retroalimenta porque o resultado incentiva o consumidor, que ganha acesso no mercado local a produtos que antes eram direcionados ao exterior, ao mesmo tempo em que o produtor começa a investir no mercado nacional.”

“A tendência é de que o consumo continue crescendo devido à comercialização de grãos de melhor qualidade, à proliferação das cafeterias e aos novos produtos desenvolvidos pelas grandes indústrias”.

Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).

Novo cenário

Fundada em 2003, a editora dos sócios Marcos Racy Haddad e Caio Alonso Fontes acompanhou o movimento desde o início. Jornalista, Mariana chegou à empresa pouco depois, testemunhando o desenvolvimento da cultura do café. Hoje, atua como uma das protagonistas no fomento desse cenário no país. “Começamos com a revista, um canal direcionado para falar desse mercado novo, com um público novo, cada vez mais interessado nesse tipo de café. Houve a união de vários setores do mercado, atraímos outros atores para a cadeia: produtores, classificadores, torrefadores e empresas interessadas em desenvolvimento. A partir daí, surgiram várias oportunidades e esforços no sentido de entender mais e divulgar o meio.”

Mariana

Mariana cita novos braços da editora, como a Espaço Café, em SP, “o que não existia na época”. Trata-se de uma feira e plataforma de conexão entre profissionais do setor. Esse evento, a partir de convite da Organização Internacional do Café (OIC), em 2013, mudou de nome e migrou para a capital mineira. Também produziram o Guia de Cafeterias do Brasil e projetos especiais da Specialty Coffee Association (SCA), sempre voltados para o aumento do consumo. O Festival Santos Café, organizado pela plataforma na cidade litorânea de SP, é outro que têm contribuído para o desenvolvimento da nova cultura.

 

Conceitos 

Mas o que é, de fato, um café especial? A editora, especializada no tema, explica: “Trata-se de um movimento relacionado ao produto de qualidade. Não apenas o produto em si, mas tudo o que ele agrega e contempla nesse conceito de especial.”  

A classificação de um café como especial está relacionada a parâmetros relacionados às características dos grãos. É sabido que cafés especiais são aqueles que pontuam acima de 80, 82 pontos, que seguem padrões internacionais. São de procedência (cultivados a partir de terroir específicos), recebem cuidado no trato desde a colheita até o processamento final.

Torrador

Além de todos esses atributos de manejo, o café especial demanda cuidados na torra. Buscam-se processamento e perfil ideais para que o grão tenha sabores, aromas e classificações específicas. Quando chega ao mercado final, ainda é trabalhado pelo barista. É ele o grande responsável por personalizar a bebida para agradar a diversos paladares e perfis de público. “Ele é o profissional responsável por escolher um método de extração para chegar à melhor expressão daquele café. O tipo da água. Às vezes um leite para combinar”, descreve Mariana. 

Todo esse “caldeirão” – cadeia de produção, beneficiamento e oferta em cafeterias e plataformas especializadas como a u.Coffee – mostra que o significado do café especial vai além do produto. Acopla e agrega diversas áreas de conhecimento do setor. Envolve muita gente e provoca paixões.

Programe-se!

Semana Internacional do Café

A Semana Internacional do Café (SIC) é uma iniciativa do Sistema FAEMG, Café Editora e Sebrae. Reúne todos os anos no mês de novembro, no Expominas (Belo Horizonte, MG), toda a cadeia produtiva do setor cafeeiro nacional e internacional, em prol do crescimento social e economicamente sustentável do produto brasileiro.

O encontro envolve cafeicultores, torrefadores, classificadores, exportadores, compradores, fornecedores, empresários, baristas, proprietários de cafeterias e apreciadores. Durante os três dias, são realizados diversos eventos simultâneos focados nas áreas de Mercado & Consumo, Conhecimento & Inovação e Negócios & Empreendedorismo.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *