Colheita de café
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Colheita de café: como funciona e quais são os melhores métodos

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O que você sabe sobre o caminho que os cafés percorrem até chegar a sua mesa? A colheita, recolhimento dos frutos maduros dos pés, é uma da partes mais importantes deste percurso! É nela em que são selecionados as melhores cerejas da lavoura, garantindo a maior qualidade possível para o café que chega até você.

No artigo de hoje, explicaremos os pormenores da colheita: como é programada, de que forma acontece, quais são os aspectos inevitáveis para uma saca de qualidade e quais são os processos envolvidos. 

Vamos lá?

A colheita: quando fazer?

Para chegar até o momento perfeito para colheita, é necessário planejar todas as etapas com muita atenção. Afinal, ao considerarmos aspectos sociais e econômicos da lavoura, a colheita dos cafés corresponde à operação mais importante, já que influencia diretamente na qualidade do produto.

A época ideal da colheita depende de fatores relativos ao terroir e à lavoura como variedade, sistema de plantio, pluviosidade, solo e exposição ao sol, que influenciam diretamente nos frutos. No Brasil, a colheita costuma ir desde abril até setembro, se intensificando no período entre junho e agosto, mas isso pode variar de lavoura em lavoura.

O processo de colheita deve ocorrer no momento de maior uniformidade de maturação, com o mínimo possível de frutos verdes (chumbinhos) e de cerejas em estágio pós maturação (passas ou secos). Os primeiros causam prejuízos quanto a aspectos como desgaste do cafeeiro, classificação por tipo, valor de mercado, entre outros. Os segundos, que sofrem fermentação negativa nessa maturação excessiva, aumentam ainda a quantidade de cafés de varrição (cerejas que caem do cafeeiro e são recolhidas).

Pelo menos 30 dias antes da colheita, é recomendado fazer a arruação da lavoura, atividade que consiste na limpeza do solo próximo aos pés de café, retirando mato e resíduos para facilitar o processo da colheita. Cabe ao produtor estudar o momento ideal para dar início à colheita.

Métodos de colheita de café

Aspectos como ondulação do solo, espaçamento entre pés, sistema de produção e idade da lavoura são pontos bastante relevantes para que um produtor determine o método de colheita a ser utilizado, que pode ser manual, semi-mecanizado e mecanizado.

Colheita Manual

É o método que consiste na coleta manual das cerejas, que pode ser seletiva ou por derriça.

A colheita seletiva consiste no recolhimento das cerejas maduras, ignorando-se portanto cerejas verdes. Esse tipo de colheita acontece devido à maturação desigual dos frutos e garante um café de qualidade superior, embora exija a participação de muitos profissionais e seja um processo dispendioso, já que envolve vários retornos à lavoura. Entretanto, esse tipo de colheita confere maior consistência ao café, garantindo preços mais altos que cobrem os custos com pessoal. 

A colheita por derriça, por sua vez, consiste no recolhimento de todos os frutos do galho independente do estágio de maturação, embora seja utilizado principalmente em varietais cujas cerejas amadurecem mais uniformemente. Os frutos caem sobre um pano ou tela estendido no chão, são recolhidos e selecionados.

Ambas exigem que os cafeeiros estejam corretamente podados para que os frutos estejam acessíveis durante a colheita.

Colheita Semi-mecanizada

É a colheita realizada com derriçadora motorizada manual, um instrumento com “mãos” vibratórias nas pontas. Os catadores o utilizam para balançar os galhos dos cafeeiros, fazendo com que os frutos mais maduros se desprendam e caiam nas telas ou panos distribuídos ao longo do talhão. 

Colheita mecanizada

Este tipo de colheita é realizado por grandes máquinas, que podem ser colhedoras ou derriçadoras. 

As colhedoras, que podem ser automotrizes (com propulsão própria) ou tracionadas (acopladas a um trator), fazem um trabalho de derriça, recolhimento, abanação e descarga do café através de sistemas hidráulicos e com varetas vibratórias. É possível realizar uma colheita seletiva mecânica regulando a velocidade de deslocamento e a intensidade de vibração das varetas ou retirando as varetas inferiores total ou parcialmente, colhendo assim os frutos do topo da planta, que amadurecem mais rápido.

As derriçadoras, por sua vez, são bastante parecidas com as colhedoras, com a diferença de efetuarem a derriça em apenas um dos lados do cafeeiro. Em geral, a derriça é realizada sobre panos distribuídos no chão, mas alguns modelos tratorizados possuem mecanismos de recolhimento dos frutos.

Para fazer uso dessas máquinas, é recomendado definir o espaçamento entre as linhas da lavoura com base no tamanho das máquinas disponíveis no mercado. Além disso, o plantio das mudas deve ser feito de forma alinhada, diminuindo assim a quebra de ramos da planta e das varetas da máquina.

 

Qual é a importância de uma boa colheita?

A colheita, quando bem feita, é responsável por um café de alta qualidade, já que dá início a um processo de seleção dos frutos maduros antes mesmo da separação de cerejas na fazenda. Além disso, escolher o método de colheita mais adequado para cada lavoura é essencial para uma boa relação custo-benefício para o produtor, sendo mais econômica, produtiva e sustentável. 

O que acontece depois?

Ainda no campo, logo após a colheita dos grãos (exceto as seletivas), os cafés colhidos passam por uma pré-limpeza para a retirada de impurezas grosseiras, como folhas e galhos. Ela é realizada a partir de catação e abanação manual com peneira.

Depois dessa pré-limpeza, os grãos devem ser acondicionados em sacos à sombra e transportados até o local de processamento em até 4h. Lá, é realizado o processo de limpeza para que, enfim, os grãos comecem a ser preparados para a torra.

Para isso, passam pelos processos de lavagem, separação e secagem, tudo isso ainda na fazenda. O produtor pode optar por processar os grãos por via seca ou por via úmida; o primeiro caso resulta no café chamado de natural (seco com casca e polpa), enquanto o último é dividido principalmente entre cereja descascado, cereja despolpado e cereja fermentado. 

Outra atitude indispensável é a varrição. Mesmo que uma colheita de qualidade reduza a perda de grãos, estima-se que até 10% dos frutos caiam no chão; ao permanecerem aos pés do cafeeiro, sujeitos ao sol e à chuva, os frutos sofrem fermentações indesejadas que diminuam a qualidade do café e facilitam a proliferação de pragas como a broca-do-café (Hypothenemus hampei).

Para entender melhor o caminho que sua bebida favorita percorre do campo até a sua mesa, não deixe de acessar nosso artigo sobre os processos de pós-colheita! Com ele, você terá informações mais aprofundadas sobre os processos e sobre a influência que cada um deles tem sobre o café que chega ao consumidor. Até a próxima xícara!

 

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