Café geisha: o que você precisa saber sobre essa variedade
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Talvez você ainda não tenha ouvido falar do café geisha. Afinal, o varietal Coffea arabica, originário da Etiópia, aportou há pouco no Panamá, onde começou a ganhar fama. Foi apenas em 2004, quando a produção bateu recordes em provas e em leilões, que ganhou notoriedade entre especialistas e público mundo afora.
Exponencial, diga-se de passagem: nos últimos 10 anos, o geisha tem sido a principal estrela de concursos internacionais. É o queridinho dos baristas, o sonho de consumo dos coffee lovers e tornou-se uma iguaria sem igual. Mas o que torna esse café tão diferente? Fique com a gente e descubra!
Índice do conteúdo
O que faz do geisha um café tão especial?
Batizado com o mesmo nome da cidade de origem, Geisha, na região sul da Etiópia, a subespécie africana 100% arábica passou pela Tanzânia, Quênia e Costa Rica antes de chegar ao Panamá, na década de 1960. A princípio adotado por ser resistente ao fungo da ferrugem (roya), o cultivo chegou a ser desacreditado.
Isso por que, em comparação com outras variedades arábica, o geisha tem características peculiares como menos cerejas por planta, maturação demorada e baixo rendimento. Mas, nas terras altas do Panamá, em altitudes super elevadas e sob regime de chuvas tropicais, encontrou terroir ideal.
Daí a descoberta de um grão altamente complexo e saboroso. Por tais características, a bebida é tida como tão delicada e especial quanto os melhores chás.
Especialistas derramam elogios às particularidades do grão e apontam como principais trunfos do geisha corpos presentes em níveis elevados, com destaque especial para doçura, acidez e aromas florais. Na xícara, notas de jasmim, bergamota e frutas, tropicais e silvestres, compõem o sabor do café.
O geisha conquista o mundo
Desde que o geisha foi apresentado no concurso Best of Panamá em 2004, quando atingiu 94,6 pontos em 100 na escala da Specialty Coffee Association (SCA), apreciar uma xícara da bebida de aroma floral, notas doces e frutadas – caracterizada como única entre todos os tipos de café – passou a ser sinônimo de puro deleite gustativo.
Exportado para poucos países a custos altos – o kg bate os U$ 130 dólares (média de R$ 499,20 na atual cotação) e geralmente comercializado em microlotes, o café está chamando a atenção de outros produtores da América Latina e vem sendo cultivado em lavouras de países como Peru, Bolívia e Costa Rica, entre outros. Aos poucos, o geisha está se espalhando pelo mundo.
Responsável por cultivar e difundir o café especial no Alto Panamá, a fazenda La Esmeralda é referência mundial e exporta para 27 destinos. Entre eles está o Japão, país em que a bebida marca presença na dieta da família imperial; uma prova do sucesso do grão entre consumidores de alto padrão.
O café de origem africana é uma mina de ouro?
Com alta performance e atingindo recordes de preço por lote em todos os leilões, o geisha atrai holofotes, curiosidade e cobiça. Basta imaginar: se 1kg do café chega a custar R$ 500, qualquer produtor mais animado a investir no produto ficaria rico, certo?
Não é bem assim. Como dissemos no início deste post, o varietal arábica possui características muito peculiares (um sistema foliar mais fino, por exemplo, além de feijões mais alongados e outras particularidades). Portanto, para se desenvolver de forma satisfatória, o geisha exige características de clima, solo e altitude também muito específicas. No Panamá, os melhores geishas estão em lavouras com média de 1,7 mil metros de altitude. Isso para não falar na colheita “preguiçosa”, já que as cerejas podem levar até cinco anos para maturar adequadamente.
Outro detalhe é o cultivo, que demanda muito cuidado em todas as etapas do processo de produção, plantio e colheita. Não é por acaso que o geisha custa quase 100 vezes mais que um café de qualidade inferior.
O primeiro produtor
Vale ressaltar a coragem e o pioneirismo do produtor da Hacienda La Esmeralda, Francisco Serracín, mais conhecido como Don Pachi.
Apesar das diferenças do geisha para outros tipos de arábica, ele apostou no cultivo. Espaçou as plantas mais distantes do que era comum nas lavouras e as plantou em altitudes super elevadas. É fato que as cerejas amadureciam mais lentamente, porém desenvolviam ainda mais complexidade.
Primeiramente, o produtor acreditou no potencial do geisha e o café africano alcançou o máximo de qualidade em terras panamenhas.
Representante da quarta geração de uma família de produtores, Don Pachi apresentou ao mundo um café espetacular. Limpo, intensamente floral e um pouco doce, rico em acidez e em notas frutadas. Tão complexas que não é raro a comparação entre o geisha e os melhores vinhos do planeta.
Geisha no Brasil
Redescoberto e celebrado como jóia dos cafés especiais nos últimos anos, o geisha não pode ser chamado de popular. No Brasil, por exemplo, ainda é raro encontrar o café em lavouras e em gôndolas, mesmo em casas especializadas. Apesar disso, um geisha produzido no Vale do Jequitinhonha/MG, foi o vencedor do Cup of Excellence 2018, sendo vendido por quase R$ 73.000 a saca! Não é para menos: sua pontuação foi de 93,84 pontos avaliados pela SCA.
Em uma busca de oferta local na web, a disponibilidade é incipiente e ainda bem espaçada. Outro problema é o custo, um tanto puxado para o orçamento: cerca de R$ 120 por um pacote de 250g. Ainda assim, há quem não abra mão de tomar e difundir o consumo do geisha; um café que alcançou o status de iguaria e nunca irá perder a majestade.
O geisha no universo café arábica
No universo coffee lover, em que reinam os varietais 100% arábica, não há quem não sonhe com uma xícara do café produzido com maestria nas altas altitudes panamenhas. Também nos principais concursos internacionais o geisha é cada vez mais badalado, aplaudido e reverenciado.
Uma chance de experimentar a iguaria é procurar microlotes no mercado especializado. Adiantamos que não é tarefa fácil, uma vez que o geisha é tão valorizado que mesmo em países em que o cultivo é comum, como no Panamá, praticamente toda a produção é direcionada ao mercado externo.
Como preparar
Entre os distintos apreciadores, há quem defenda que o melhor método de preparo para o geisha é o filtrado – que irá preservar ao máximo as características sensoriais do grão especial. Dizem também que, justamente devido à alta complexidade, o café do Panamá resulta em xícaras excelentes mesmo no método espresso. Para saber mais sobre como usar este e outros varietais, acesse nosso artigo sobre café arábica.
Na dúvida? Prove todos! E não deixe de compartilhar a sua experiência em nossa comunidade. Aqui, a jornada pelo universo dos cafés especiais de cada um interessa a todos. Chega mais!
4 Comentários
Francisco Carlos Rodrigues
Nota 5 para o post.
EDNO SILVEIRA
Excelente reportagem. PARABÉNS !!!
Estamos com intenção de iniciar um plantio do “Geisha” aqui em nossa propriedade que fica no município de UBERABA, MG. Especificamente na região do Triângulo Mineiro. A propriedade fica a uma altitude de 850 metros. Podendo ser irrigada.
Qual sua opinião para um plantio nessas condições e nessa região ??
Paulo Pacheco
Boa tarde Edno. A variedade Geisha tem se mostrado produtiva em regiões mais altas e frias. Já tem algumas plantações em regiões mais baixas, como Capelinha. São muitas as variáveis concorda? Difícil uma opinião. Estamos aqui torcendo por você.
Armando Mattiello
Estive no Panamá na principal região de produção de Geisha , como município de Volcan , região de solo vulcânico oriundo do Vulcão . Altitude de 1400 a 1800 m . O Geisha precisa dessa altitude e solos especiais . Geisha não é um arábica convencional. Cuidado